quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Lançamento do Livro: dos Andes aos Pampas

O lançamento do livro Dos Andes aos Pampas é fato alvissareiro para o Ceará que se internacionaliza. O estudo da América Latina vem deixando a marca dos romantismos retóricos da velha guarda. A quadra é de uma sociologia política atenta aos temas inéditos latino-americanos. 

O Brasil e seu entorno é matéria pública sujeita ao controle republicano. E deve ser objeto de escrutínio dos laboratórios de acompanhamento de temas estratégicos nacionais. A América Latina, suas transformações recentes e modelos políticos múltiplos, merecem ser observadas pela nova inteligência das universidades brasileiras.

A inserção do Brasil, da Patagônia à fronteira mexicana com os Estados Unidos, é matéria das diferenças eleitorais desses dias na disputa plebiscitária das eleições presidenciais. Há, no Brasil de hoje, visões mais próximas à integração sul-americana e outras mais céticas com relação a tal projeto com vizinhos volúveis.

Em bom momento chegam interpretações da América Latina de matriz alencarina, em torno de livro organizado por professores da Universidade Estadual do Ceará, com capítulos resultantes de suas pesquisas, bem como de contribuições de autores latino-americanos e de outras universidades brasileiras. Quais as grandes contribuições da obra?

Em primeiro lugar, estudam os autores a emergência de uma nova democracia de massa na América Latina, a formação de novos tecidos sociais e representações políticas em partidos populares bem como as demandas por políticas públicas em grandes sociedades, como a brasileira e a mexicana. Desbastar alguns desses tópicos candentes, especialmente no que tange à construção de cenários, já é um resultado animador dos estudos publicados no livro.

Em segundo lugar, ausculta-se o peso do Brasil na região. Exploram os autores as estruturas macro que devem ser observadas na análise mais temperada e estrutural na ampliação do raio do Brasil na América Latina e no Caribe. A tendência ascensional do Brasil é nota de qualquer estudo acadêmico nos grandes centros estratégicos do mundo. O Brasil vem explorando, com bônus e ônus, a elevação do seu estatuto internacional para mover-se em todos os tabuleiros da política internacional em curso.

A América do Sul é lócus da ação brasileira. A integração do Mercosul, com altos e baixos, segue. Mas a América Central não é exceção, como não é a região caribenha, nas quais, diante da perda de peso relativo do México, o Brasil entrou. Toca empreendimentos lá, como na América do Sul, empreiteiras brasileiras. O comércio aumentou. Os investimentos não são irrisórios. 

A mudança de paradigma operacional na política externa do Brasil, da participação pela prudência, em favor do ativismo diplomático, será interessante para os analistas do futuro. O livro Dos Andes aos Pampas sugere uma resposta inicial. Boa leitura!
 
José Flávio Sombra Saraiva é diretor-geral do Instituto 
Brasileiro de Relações Internacionais (Ibri)

JOSÉ FLÁVIO SOMBRA SARAIVA
PhD pela Universidade de Bimingham, Inglaterra e professor Titular em Relações Internacionais (UnB)
fsaraiva@unb.br


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